Mulher de hoje ou de sempre?

Sempre podemos fazer, mas temos que querer fazer.

Será que nós mulheres somos felizes?

"As mulheres de hoje vivem uma vida enormemente diferente daquela das mulheres de quarenta ou cinquenta anos atrás. Graças ao movimento feminista internacional, as mulheres, antes limitadas à esfera doméstica, agora fazem faculdade e pós-graduação e seguem as mesmas carreiras dos homens. Avanços na ciência e na medicina aumentaram a expectativa de vida tanto para eles quanto para elas. A mortalidade infantil diminuiu significativamente. Mesmo a tecnologia, na forma de invenções como lavadoras de louça e aspiradores de pó, conspirou para liberar as mulheres.

Em geral, as estatísticas refletem esse progresso – a participação feminina na força de trabalho, na renda e na escolarização aumenta rapidamente. Em 1970, apenas 8% das mulheres americanas com 25 anos ou mais haviam completado pelo menos quatro anos de faculdade; em 2008, elas eram 29%. Na verdade, em muitos países desenvolvidos as mulheres obtêm mais educação que os homens. Na Inglaterra, em 2007, 56% dos candidatos a vagas em faculdades eram mulheres. Quando os governos de hoje falam em corrigir a disparidade de acesso ao ensino superior, estão preocupados em estimular os homens a ir à universidade.
Atualmente, as mulheres também encaram um mercado de trabalho muito mais amigável que o experimentado por gerações anteriores. A maioria dos países desenvolvidos proíbe a discriminação por gênero na contratação e nos salários, e a disparidade de renda entre homens e mulheres continua se reduzindo. Todos os países da União Europeia oferecem licença-maternidade paga e garantida. Em várias nações desenvolvidas, as mães que voltam ao trabalho mais cedo já podem transferir para os pais a licença-maternidade não utilizada, permitindo assim que os casais dividam de forma mais equilibrada as responsabilidades parentais."

Este trecho do artigo escrito por Dwyer Gunn, Betsey Stevenson e Justin Wolfers foi publicado na revista Veja, em edição especial Mulher, de 2010 e reflete a sensação feminina na atualidade.
Mas por que será que nos sentimos menos felizes hoje, quando podemos usufruir de todas as conquistas adquiridas? Talvez porque deixemos para trás, ao sairmos de casa para mais uma de nossas tantas jornadas de trabalho, nossos filhos com a sensação de que estão por cuidar, nossa casa que está sempre esperando pelo nosso toque especial e não de quem trabalha nos auxiliando no lar... Lar?! Que lar? Saímos também com esta sensação de que na volta, não será daquela vez que conseguiremos deixar a cara daquele local onde dormimos com cara de lar. Talvez amanhã. Talvez amanhã consigamos ouvir as histórias de nossos filhos, aqueles que ficaram acompanhados de nosso sentimento de culpa pela ausência e de quem levamos a desculpa de que precisamos fazer aquilo, daquele modo para que eles possam ter uma vida melhor no futuro.
O que seria afinal uma vida melhor para uma criança? E para nós, mães, com jornadas triplas, com listas sem fim de planos adiados por falta de tempo? Exatamente para que estamos correndo tanto? Estamos tentando alcançar algo ou  fugir de quê?
Ok, isso valeria se o caso fosse somente com relação às mulheres casadas, ou com filhos, mas na verdade engloba as mulheres como um todo. 
As que não são casadas também encontram-se menos felizes que as da década de 70. As que permanecem em casa sem trabalho fora da mesma também encontram-se na mesma situação. Então, o que será que mudou?

"Pesquisas com meninas de 17 e 18 anos indicam que elas estão dando importância a um número maior de domínios da vida. Refletindo os avanços no movimento feminista, fatores como "ter sucesso na minha linha de trabalho", "ser capaz de encontrar um trabalho estável", "contribuir para a sociedade" e "ser uma líder na minha comunidade" se tornaram fundamentais. E, algo relevante, outros pilares não perderam importância. As jovens simplesmente acrescentaram demandas à sua vida, uma mudança que resulta em um refrão familiar: essas meninas relatam uma crescente falta de tempo ao tentar o malabarismo de conciliar seus muitos compromissos.
Se as mulheres hoje estão avaliando sua felicidade sob muitos aspectos (trabalho, casamento, casa, filhos), em comparação a poucos fatores na década de 70, é mais provável que elas sintam que estão fracassando em pelo menos alguns domínios. O movimento feminista pode também ter mudado o bem-estar declarado, de um modo que afinal seja bom para as mulheres. Talvez o que tenha mudado não seja o bem-estar, e sim o bem-estar declarado. As mulheres podem estar mais confortáveis em admitir a infelicidade hoje do que na década de 70." (trecho do mesmo artigo)

Na realidade hoje a mulher possui um parâmetro de comparação muito mais amplo, uma gama de desejos para si bem maior, mais conhecimento, o que acarreta em maior nível de exigência e de compreensão do mundo a sua volta. As mulheres de hoje têm a liberdade de dizer: Não estou satisfeita com a vida que levo! 
Será que realmente nós, mulheres, éramos mais felizes ou mais submissas à um destino definido por outros? Mais plenas ou mais limitadas em nossa percepção sobre o mundo à nossa volta?

Se for este o caso, somo felizes sim, porque conseguimos ver o que nos incomoda e nos direcionarmos ao que desejamos, resolvendo nossas questões e sentindo que hoje somos mais capazes de sermos quem somos.


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