Você pode ser feliz no trabalho
A forma como você "encara" o ato de trabalhar define sua forma com que enfrenta sua rotina profissional.
Ao perceber sua tarefa diária como algo que é parte necessária de sua vida, que pode auxiliar em seu desenvolvimento como ser humano e aprimorar-se como profissional estará revendo seu entendimento do que realmente é o trabalho.Você sabia que a palavra trabalho vem do latim tripalium e que o antigo significado seria castigo? Pois é... Parece que até os dias de hoje há a sensação de que trabalhar é um sacrifício!
Ao acordar de manhã em uma segunda-feira muitas vezes nos pegamos pensando: "Que saco, queria dormir só mais um pouco" ou "que saco, tenho que trabalhar!".
Você já parou para pensar que na
verdade este emprego em que você está é somente um degrau para um objetivo
maior que você planejou? Com certeza você não entrou na empresa onde trabalha
acreditando que permaneceria lá por toda sua vida! A ideia provável era começar
por lá e continuar progredindo. Que tal resgatar esta ideia e encarar seu trabalho de forma mais leve?
Trabalhe por seus objetivos
Trabalhe por seus objetivos
Mário Persona foi entrevistado pelo
site Vila Mulher e tratou o tema Diversão e ócio criativo no trabalho.
Diversão e ócio criativo no trabalho
Por: Mario Persona
P - Como se divertir no trabalho?
Mario Persona - Divertir-se no
trabalho é algo que soa estranho, principalmente quando sabemos que somos pagos
para trabalhar, não para nos divertirmos. Porém existe muita gente por aí que é
paga para se divertir e trabalhar. Eu, por exemplo, sou uma dessas pessoas.
Gosto tanto do que faço, que é ministrar palestras, escrever e ensinar as
pessoas, que sou pago para me divertir. Não vejo a hora de começar a trabalhar
e vou postergando a hora de parar o quanto posso. Esta é uma daquelas situações
em que você nem pensa em se aposentar, porque isso seria o mesmo que dizer que
vai parar de se divertir.
Mas infelizmente nem todo mundo gosta
do que faz, daí a dificuldade que muitos têm em achar qualquer tipo de graça em
seu trabalho. O problema pode nem estar na atividade em si, mas na dificuldade
que o profissional tem de encontrar, dentro de sua atividade, aspectos
positivos e gratificantes. Quando nossa visão é míope, deixamos de ver o quanto
de pontos positivos existem numa atividade aparentemente desagradável.
Eu acredito muito no conceito de ócio
criativo quando isso significa encarar o que faz como tempo ocioso gasto para
exercitar os neurônios. Muitos empregos que tive no passado e que na época eu
odiava, vejo hoje o quanto foram importantes em minha formação. E às vezes
recebo emails de alunos que hoje estão no mercado de trabalho dizendo-se
arrependidos por não terem aproveitado melhor as aulas que tiveram comigo.
Mas acredito que você esteja falando
mais no sentido de atividades extra trabalho dentro do ambiente de trabalho, ou
seja, o que é possível fazer quando estamos confinados durante a maior parte do
dia cumprindo o contrato que temos com a empresa. Fica simples imaginar quando
pensamos apenas naquelas pessoas que trabalham na área administrativa, mas a
coisa é bem mais complicada para quem trabalha em alguma atividade operacional.
Não dá para imaginar um operador de guindaste pensando em outra coisa enquanto
movimenta toneladas de material e equipamento de um lado para outro sobre a
cabeça dos operários lá embaixo.
P - Como dosar essa diversão?
Mario Persona - Quando é o caso de
trabalhadores envolvidos em atividades administrativas, infelizmente nem todos
estão preparados para a ideia de ter alguma diversão durante o trabalho. Quando
o telefone era caro, e muitos funcionários sequer tinham uma linha em casa,
muitas empresas eram obrigadas a colocar aqueles cadeadinhos para impedir que
os colaboradores ficassem batendo papo.
Então veio o celular e os cadeados
sumiram, mas o problema ainda persiste em algumas empresas. Com a entrada do
computador e da Internet no ambiente de trabalho muitas empresas são obrigadas
a colocar bloqueios para seus funcionários não acessarem sites de vídeos,
programas de bate-papo ou até mesmo blogs. É comum os casos de demissão pelo
uso indevido desses recursos.
Antes de permitir a diversão no
ambiente de trabalho é preciso fazer um trabalho educacional e dar aos
colaboradores instalações e ferramentas adequadas para isso. Costumo atender
grandes empresas e fico contente ao visitar algumas que têm bibliotecas bem
instaladas, computadores para uso de seus funcionários, lanchonetes e até
praças de esportes. Essas empresas criam uma infraestrutura de lazer tão boa
que fica muito clara a linha divisória entre o que é ambiente de trabalho e
ambiente de lazer. Em muitas delas os trabalhadores usam seu horário de almoço
e até os finais de semana para a diversão, dentro dos limites colocados pela
empresa.
Quando a empresa não está equipada
para isso ela corre o risco de seus funcionários procurarem formas alternativas
de entretenimento, e acabam também não percebendo os limites de horários e
utilização dos recursos da empresa. Já vi empresas cujos trabalhadores lotam os
botequins das proximidades no intervalo para o almoço em busca de uma diversão
nem sempre saudável. Geralmente isso acontece em indústrias que não fornecem
uma infraestrutura de lazer para seus colaboradores.
P - Algumas empresas, como o Facebook
e Google, disponibilizam maneiras dos funcionários se divertirem. Isso é comum
entre empresas brasileiras?
Mario Persona - Pessoas que trabalham
nessas empresas precisam ter um acesso irrestrito aos recursos de Internet
porque é aí que os colaboradores criam seus produtos. Algumas dessas empresas
dão aos seus colaboradores a opção de usar uma porcentagem do tempo de trabalho
para desenvolverem projetos próprios que possam ser de interesse da empresa.
Sim, há empresas brasileiras que dão
essa liberdade, mas trata-se de um ambiente e de uma cultura diferente da
grande maioria dos negócios, pois o perfil de quem trabalha em empresas assim
não é o mesmo dos operários de uma fábrica ou dos funcionários de um banco.
Quase a totalidade deles ama tanto o que faz que continua fazendo as mesmas
coisas até quando termina sua jornada de trabalho, o que os coloca naquela
parcela de profissionais que encaram o próprio trabalho com diversão.
P - Estabelecer horários é bom para a
empresa?
Mario Persona - Sim, porém isso vai
depender muito do perfil da empresa e dos profissionais. Geralmente o horário
de almoço é suficiente para o colaborador se alimentar e ainda ter alguns
minutos para cuidar de assuntos pessoais, distrair-se com alguma atividade,
conversar com os colegas ou simplesmente pensar. Já o tempo depois do
expediente irá depender da política da empresa de permanência de pessoas em
suas instalações.
Algumas empresas têm áreas
especialmente preparadas para isso e os funcionários podem permanecer nelas sem
interferir no trabalho ou no turno dos outros colaboradores. Algumas empresas
no Oriente possuem até mesmo uma política que permite que seus funcionários
cochilem após o almoço. Afinal, ainda hoje em boa parte do Brasil e do mundo o
comércio fecha após o almoço para a sesta. Em alguns países, como Japão, há
lugares na cidade que você pode alugar um espaço para dormir por alguns minutos
a fim de recarregar as baterias durante o dia de trabalho.
Eu acredito que o ganho de
produtividade seja grande quando é permitido aos funcionários um breve
intervalo para uma soneca durante o dia de trabalho. Isto evita que eles adotem
medidas pouco saudáveis de espantar o sono, como o uso de café, estimulantes e
bebidas energéticas.
P - Quais são os benefícios que as
empresas adquirem ao entreter seus funcionários?
Mario Persona - Um momento de
descontração e diversão causa uma ruptura na rotina do trabalhador e permite
que ele recarregue suas baterias. Quando éramos crianças os dias pareciam muito
mais longos e produtivos porque tudo era brincadeira. Nosso cérebro ainda
estava em fase de programação, portanto qualquer coisa era novidade e chamava
nossa atenção.
À medida que fomos crescendo e
envelhecendo o cérebro foi criando padrões para economizar energia. Por esta razão
hoje chegamos ao final do dia com a sensação de que o dia passou correndo e não
fizemos quase nada, o que nos deixa frustrados. O ponto é que fizemos muitas
coisas, porém coisas que fazemos todos os dias, sem novidade, sem emoção, e foi
como se trabalhássemos no piloto automático.
Para evitar o estresse que causa esse
sentimento de frustração por um dia monocromático como é um dia de trabalho de
rotina, o ideal é sempre introduzirmos algo de novo e inusitado. Pode ser mudar
o caminho para o trabalho, ler um livro, ouvir uma música ou ver um filme de um
estilo que jamais nos interessou, escovar os dentes ou usar o mouse com a outra
mão... as possibilidades são muitas. O que importa é que seja uma atividade que
pegue o cérebro de surpresa por não estar programado para isso. O momento de
lazer, entretenimento ou até para uma soneca durante o horário de trabalho
ajuda a criar esse ponto de "reset" do cérebro.
P - Quando as pessoas se divertem em
seu trabalho, elas acabam produzindo mais?
Mario Persona - Não há dúvida de que
se o trabalho for temperado com pitadas de diversão a produtividade irá
melhorar. Uma pessoa com sua mente concentrada em excesso numa atividade pode
começar a cometer erros por causa da sonolência causada pela rotina. Talvez
muitos problemas de estresse poderiam ser resolvidos com uma boa política de
tornar o tempo no trabalho mais interessante e diversificado.
As estatísticas de ocorrências de
suicídio no trabalho têm aumentado de forma assustadora. Embora muitos cometam
suicídio por uma série de motivos, quando a tentativa de homicídio ocorre no
ambiente de trabalho é possível que a razão seja exatamente o trabalho
excessivo, opressivo e sem perspectivas de mudança.
P - Existe algum contra?
Mario Persona - Certamente, pois em
todas as situações sempre ocorrerão abusos. É o caso das empresas que, por
necessidade da própria atividade, dão livre acesso à Internet aos seus
funcionários. Alguns não têm autocontrole suficiente para saberem usar com
parcimônia o tempo de lazer e acabarão invadindo o tempo de trabalho imersos em
bate-papos ou assistindo filmes inteiros pela Web. Se antigamente jamais
pensaríamos na possibilidade de um trabalhador levar a TV para sua mesa de
trabalho, hoje isso já é possível com a Internet e com o celular.
Quando
alguma empresa me pergunta o que fazer com um funcionário que não respeita os
horários de trabalho e usa a Internet em demasia, minha resposta é que deve ser
dispensado. A empresa está pagando pelo tempo e capacidade do profissional e
coloca em suas mãos recursos visando melhorar seu desempenho para uma maior
produtividade. Até mesmo quando esses recursos são disponibilizados em horários
adequados para a diversão do trabalhador, a meta final é tê-lo mais disposto e
motivado a trabalhar. Quando esses instrumentos passam a ter um efeito
contrário não existe outra solução senão a de substituir o funcionário. Ele
passa a emperrar a produtividade por queda de desempenho, se não souber se
policiar no uso de seu tempo.
Entrevista concedida por Mario Persona ao site Vila Mulher em 04/02/2011.
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